Ao final do século XIX, os estados do Piauí e Maranhão abrigavam um total de onze fábricas de fiação e tecelagem de algodão, caracterizando um polo industrial têxtil com fortes conexões. Em território maranhense, cinco dessas fábricas estavam instaladas na capital São Luís, outras quatro em Caxias e uma em Codó. No Piauí, havia somente uma fábrica na capital Teresina. As mulheres eram numericamente expressivas e exerciam um papel de destaque na indústria têxtil em ambos os estados, sendo posteriormente identificadas pela alcunha de pipira. A referência era uma ave homônima, bastante comum na Amazônia e na região Meio Norte do país, mas que logo se desdobrou em outros significados, bastante ofensivos às operárias. Desse modo, o presente artigo analisa como esse apelido surgiu e se consolidou enquanto representação social sobre essas mulheres trabalhadoras, também refletindo sobre as possibilidades de intervenção pedagógica no ensino de história a partir desse estudo, com foco na Educação Básica.