Neste artigo, assumindo como base teórico-metodológica as teorias da enunciação e do ensino de História no concernente aos processos de significação do tempo na História ensinada, analiso aspectos expressivos e contextuais de um manuscrito escolar de uma aluna de 6º ano, cuja produção é, socialmente, considerada insuficiente do ponto de vista de uma escrita convencional. Pautando-me pela relevância teórica dos dados singulares e pela compreensão do escrito pela estudante como prática discursiva, objetivo dar visibilidade a indícios que subsidiam a compreensão de aspectos da relação entre processos de significação do passado e da língua escrita, a fim de confrontar essa perspectiva social. Concluo destacando as potencialidades e a necessidade de se pensar os textos escritos por crianças e adolescentes como parte do intrincado mecanismo cultural e historicamente instituído através do qual o discurso histórico escolar se reproduz.