Em agosto de 2020, Isael Maxakali foi vencedor do prêmio Pipa on-line com o filme Yãmîy sobre a ontologia Maxakali. Com o prêmio o artista colocará em prática o projeto “Escola-Floresta”. O projeto é uma estratégia de valorização e fortalecimento dos conhecimentos tradicionais, de proteção da fauna e da flora e de formação de jovens-artistas-pajés. Assim, o artigo apresenta uma análise crítica sobre a obra do cineasta indígena Isael Maxakali e sua produção audiovisual, especialmente o documentário Grin de 2016. O filme resgata memórias sobre a formação da Guarda Rural Indígena (GRIN), durante a ditadura militar, com narrativas de testemunho das violências sofridas pelos parentes. Nesse sentido, são discutidos os caminhos da resistência que pulsa em seus filmes, os quais foram nascendo a partir das memórias desenterradas no processo de reconhecimento dos patrimônios difíceis.
The article presents the indigenous filmmaker Isael Maxakali and his audiovisual production, especially the documentary Grin of 2016. The film retrieves memories about the formation of the Guarda Rural Indígena (GRIN), during the military dictatorship, with narratives of testimony of the violence suffered by relatives. In this sense, the author seeks to bring the power of resistance that pulsates in her films. In August 2020, Isael won the Pipa award for the film Yãmîy on Maxakali ontology. With the award, the artist will put into practice the “Escola-Floresta” project. The project is a strategy for valuing and strengthening traditional knowledge, protecting fauna and flora and training young artists.
Key Words: Isael Maxakali, Military Dictatorship, Heritage Difficult
[1] Este estudo é fruto de reflexões e discussões acerca dos Patrimônios Difíceis que ocorrem no grupo de pesquisa Cidade Cultura e Diferença da Universidade da Região de Joinville-Univille no segundo semestre de 2020.
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