Esta entrevista compõe o dossiê Antiguidade na Cultura Histórica: experiências
escolares e públicas da Revista História Hoje. Este dossiê foi motivado,
por um lado, pelos desdobramentos recentes na educação básica brasileira –
instituição de uma base comum curricular nacional e a reforma do Ensino
Médio, numa disposição transversal das disciplinas de Humanidades (Filosofia,
Sociologia, História) – e, por outro, pelos avanços nas pesquisas sobre ensino
de História Antiga.
O ensino superior brasileiro recebeu grande influência do modelo francês
e, neste contexto, o campo da História em particular foi dependente da
historiografia francesa, antes da recente imposição da linguagem e do padrão
de pesquisa anglo-saxões.
Para atuar como professor de História para alunos de 11 a 17 anos, deve-
-se ter a graduação em História, que dura em média 4 anos. O curso é composto
por disciplinas geralmente divididas em três grupos: primeiro, disciplinas
que apresentam os eventos e processos sociais de sociedades passadas
organizadas em torno da linha do tempo cronológica quadripartite (História
Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea); segundo,
disciplinas sobre Teoria e Metodologia da História; terceiro, disciplinas sobre ensino de História, que tomam uma maior parte no currículo daqueles
que optam por licenciatura em História. Nesse modelo, as graduações
costumam ter de uma a duas disciplinas dedicadas à História Antiga, usualmente
focando em “Antiguidade Clássica” ou “Civilização Greco-Romana”.
A especialização para atuar na História Antiga acontece na pós-graduação
com mestrados e doutorados em temas de História Antiga.
Na Educação Superior Brasileira, Estudos Clássicos é um termo que frequentemente
fica restrito aos cursos de graduação e pós-graduação em Letras
especializados em grego ou latim. Os estudantes de História que desejam melhorar
sua formação geralmente a complementam cursando disciplinas de Letras
Clássicas, Filosofia Antiga e (mais raramente) Arqueologia Clássica. Apesar
do diálogo entre classistas, historiadores e filósofos, a departamentalização
no campo de trabalho restringe a atuação dos profissionais a sua graduação.