Este trabalho procura indicar a importância do uso de autobiografias de escravizados no ensino de História, para o qual a compreensão da dimensão educativa das biografias não é novidade. Desde finais do século XIX, livros didáticos de História do Brasil exploram as histórias de vida de personagens considerados célebres, no sentido de fomentar a consciência de nação a partir da exemplaridade dos feitos e fatos dos ditos grandes homens. O processo de renovação da historiografia vem promovendo mudanças, principalmente no entendimento dos escravizados como sujeitos ativos e complexos, dotados de culturas, experiências e saberes. O presente artigo defende que as autobiografias são um caminho para a compreensão dos escravizados como protagonistas e sujeitos da própria história, na luta pela liberdade e pela igualdade.