Partindo da análise de representações de gênero construídas sobre a “pré-história” no livro didático Oficina de História, aprovado no PNLD de 2018 para o Ensino Médio, o artigo discute os modos de subjetivação nas narrativas sobre sexualidade e divisão sexual do trabalho nos períodos Paleolítico e Neolítico. Enfatizando a necessidade de “desconstrução” dessas representações no ensino de História, aborda ainda uma série de evidências arqueológicas que desafiam as suposições sobre a inferiorização e dependência das mulheres nesses períodos. Tais evidências endossam as histórias do possível que permitem questionar a concepção das desigualdades de gênero como princípios naturais da “evolução” humana e da organização social, favorecendo o reconhecimento da historicidade e pluralidade das concepções e relações de gênero no tempo, bem como a desnaturalização de discursos e práticas que educam para a normalidade e continuidade da dominação heteropatriarcal.
